MODELO CONCEITUAL DE FLUXO DOS AQUÍFEROS PELÍTICOS CARBONÁTICOS DA REGIÃO DA APA CARSTE DE LAGOA SANTA, MG.
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Data
2019-06-24
Autores
Orientador(es)
Velasquez, Leila Nunes Menegasse
Coorientador(es)
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Resumo
A concepção de um modelo físico hidrogeológico de fluxo, valendo-se da caracterização
da arquitetura hidroestratigráfica, condições de contorno do aquífero, espacialização dos
parâmetros hidráulicos e das entradas e saídas de água é indispensável para o sucesso no
gerenciamento dos recursos hídricos, em particular de aquiferos cárticos. Esse estudo foi
realizado numa região cárstica a 35 km a norte do município de Belo Horizonte, perfazendo
505 km², dos quais aproximadamente 70% são pertencentes à unidade de conservação Área de
Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa. Da base para o topo ocorre o aquífero fissural do
Complexo Granito– Gnáissico–Migmatítico arqueano Belo Horizonte, sobreposto pelos
aquíferos cárstico-fissurais do Grupo Bambuí, de idade do neoproterozoico, instalados nos
metacalcários da Formação Sete Lagoas e nas rochas metapelíticas da Formação Serra de Santa
Helena, encerrando com os aquíferos granulares das coberturas cenozoicas. As rochas
supracrustrais se dispõem sub horizontalmente, e os contatos entre as unidades geológicas são
de natureza tectônica por meio de falhas de deslocamento basal. Constituem o sistema aquífero
estudado, os metacalcários da Formação Sete Lagoas, recobertos parcialmente pelos
metapelitos aquitardos da Formação Serra de Santa Helena e pelos aquíferos granulares
Cenozoicos. Os terrenos carbonáticos dispõem de feições características de um carste bem
desenvolvido, notoriamente vinculadas aos atributos geológico-estruturais, expressas por uma
abundância de maciços fraturados, sumidouros, depressões, surgências/ressurgências
caudalosas, dutos, cavernas e drenagem predominantemente subterrânea. Os fluxos superficiais
e subterrâneos têm como destino o rio das Velhas, nível de base regional. Apesar da
vulnerabilidade natural dos terrenos cársticos, a região tem sido alvo de intenso
empreendimento, sobretudo nos setores industrial e imobiliário, com inevitável aumento do
consumo de água e do risco a poluição. Perante a este cenário propõe-se nesse estudo a
concepção de um modelo hidrogeológico conceitual de fluxo visando apoiar os órgãos gestores
nas ações do gerenciamento dos recursos hídricos. Os métodos adotados envolveram: i)
levantamento das características geológico-estruturais; ii) instalação e monitoramento
fluviométrico de 7 estações automatizadas no ano hidrológico 2016/2017, com
desenvolvimento de método de preenchimento de falhas; iii) realização do balanço hídrico via
Rutledge e Daniel (1994); iv) cálculo e espacialização dos parâmetros hidráulicos do sistema
aquífero K, S, T, Q/s; v) identificação das condições de contorno; vi) zoneamento vertical do
sistema aquífero a partir das cotas de entradas d’água dos poços e das surgências cársticas. Os TESE DE DOUTORADO – UFMG - RODRIGO SÉRGIO DE PAULA – 2019
resultados obtidos revelaram respostas dos fluxos superficiais com dois dias de média e um
escoamento básico médio de 91%, evidenciando um sistema cárstico bem evoluído controlado
pela água subterrânea. A recarga aquífera obtida foi de 11% da precipitação anual de 1010 mm,
além de um aporte de água subterrânea de 26 mm provindo de fluxos subterrâneos externos. As
condições de contorno foram definidas a partir das litologias de menor condutividade hidráulica
– os metapelitos da Formação Serra de Santa Helena -, e os cursos de água caudalosos, rio das
Velhas e ribeirão da Mata. Identificou-se um compartimento superior, acima da cota 638 m
mais carstificado, altamente produtivo, e outro inferior, cárstico-fissural, menos produtivo. Os
valores modais de K obtidos foram da ordem de 10-3m/s e 10-7m/s, respectivamente, com os
fluxos dos dois compartimentos no sentido de W para E e de SW para NE, tendo como principal
condicionante as fraturas sub-horizontais mergulhantes para E.