Valores hematológicos e bioquímicos de referência para gaivotão (Larus dominicanus) em área de distribuição no sul do Brasil
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2018
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Resumo
O Gaivotão (Larus dominicanus) tem ampla distribuição, contudo, carecem no Brasil estudos sobre esta espécie que tratem de referências para hematologia e bioquímica, informações cruciais para a avaliação da saúde e do diagnóstico de doenças nas aves, além de subsidiar decisões importantes de manejo e reintegração ao ambiente natural após reabilitação. O presente estudo procura estabelecer intervalos de referência para L. dominicanus visando futuros exames hematológicos e bioquímicos. As amostras foram obtidas a partir de animais resgatados nas praias ou encaminhados para reabilitação durante o monitoramento da região da Ilha de Santa Catarina, ocorrido no escopo do Projeto de Monitoramento de Praias da Petrobrás/Bacia de Santos, realizado pela Associação R3 Animal. A partir da coleta de sangue foram realizadas as contagens totais de eritrócitos, leucócitos e trombócitos. O hematócrito foi obtido pelo método do
microhematócrito e, a extensão sanguínea foi corada, possibilitando a contagem diferencial relativa de leucócitos. Também foi avaliada a presença de corpúsculos de inclusão ou parasitas, em microscopia ótica. Para os testes bioquímicos as amostras foram centrifugadas e então, utilizados o soro ou plasma, que é transferido para um tubo separado, sujeitos à ação de reagentes líquidos (Labtest®), com volume de amostra em condições constantes definidas a cada teste, que produzem mudança de coloração, lida por espectrofotometria. Os valores foram obtidos das aves consideradas aptas para reintrodução, considerando a análise dos resultados dos exames físicos, hematológicos e bioquímicos. Obteve-se, para indivíduos adultos (n = 171) e juvenis (n = 72), resultados com valores de intervalos de referência observados na análise hematológica de eritrograma [volume globular (adultos: 33,8-49,0 %; juvenis: 34,0-53,8%), hematimetria (adultos: 1,8-3,0 109/µL; juvenis: 1,3-3,1 109/µL), hemoglobina (adultos: 36,7-50,0 g/dL; juvenis: 27,2-53,3
g/dL)], leucograma [heterófilos (adultos: 39,8-87,0 %; juvenis: 26,3-87,9 %), monócitos (adultos: 0,0-22,5 %; juvenis: 0,0-42,8 %), linfócitos (adultos: 3,8-51,7 %; juvenis: 6,0-56,0 %), eosinófilos (adultos: 0%; juvenis: 0%), basófilos (adultos: 0%; juvenis: 0 %)], leucócitos (adultos: 1000,0-7725,0 µL; juvenis: 780,6-9784,0 µL) trombócitos (adultos: 2146,6-11844,2 µL; juvenis: 1788,3-10902,8 µL). Além disso, para a análise bioquímica, foram gerados valores de intervalos de referência para proteínas totais (adultos: 3,5-5,7 g/dL; juvenis: 3-6,2 g/dL), glicose (adultos: 234,9-406,1 mg/dL; juvenis: entre 230,7 e 349,9 mg/dL), ácido úrico (adultos: entre 3,0-9,0 mg/dL; juvenis: 1,1-9,4 mg/dL), creatinina (adultos: 755,1-1971,9 mg/dL; juvenis: 683,7-1634,4 mg/dL),
triglicérides (adultos: 28,0-104,8 mg/dL, juvenis: 28,7-156,3 mg/dL), albumina (adultos: 0,9-1,6 g/dL; juvenis: 0,7-1,8 g/dL), fosfatase alcalina (adultos: 6,8-76,8 U/L; juvenis: 7,7-112,4 U/L), fósforo (adultos: 0,5-6,0 mg/dL; juvenis: 0,3-6,1 mg/dL) e cálcio (adultos: 8,0-11,6 mg/dL; juvenis: 7,2-12,8 mg/dL). O presente estudo preenche lacuna de conhecimento sobre os parâmetros para avaliação da saúde das populações do Gaivotão e da sua importância para embasar ações de manejo. Por fim, considera-se que padrões hematológicos e bioquímicos também podem ser utilizados para a identificação e o monitoramento de impactos das atividades antrópicas sobre a biodiversidade e para monitorar medidas de mitigação que afetem espécies da fauna ameaçada.