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Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres

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    Características da cavidade-ninho e do microhábitat que influenciam o sucesso reprodutivo da maracanã, Primolius maracana, na região de Curaçá, Bahia
    (2018) Prates, Cristine, da Silveira Figueiredo; Lugarini, Camile; Rechetelo, Juliana
    Compreender como as características do microhábitat e da cavidade utilizadas para nidificação influenciam o sucesso reprodutivo da maracanã, Primolius maracana, é importante para determinar como as aves estão usando o ambiente e identificar os principais fatores ambientais influenciando a reprodução. Essas informações podem ser usadas para ações de manejo e conservação, além de auxiliar na compreensão de padrões da história natural da espécie. A maracanã possui ampla distribuição no Brasil, mas pouco se sabe sobre aspectos ecológicos básicos na escolha da cavidade-ninho e do sítio reprodutivo. Assim, nosso estudo teve como objetivo avaliar como a estrutura do ambiente e as características da cavidade-ninho influenciam o sucesso reprodutivo (quantidade de ovos total) da maracanã, Primolius maracana, na região de Curaçá, Bahia. Esse estudo foi realizado na região de Curaçá, Bahia, entre setembro de 2016 a abril de 2018. Um total de 38 variáveis foram amostradas. Para coleta das variáveis ambientais do microhábitat, um raio de 50 metros foi estabelecido ao redor de cada ninho. As espécies vegetais foram contabilizadas e classificadas quanto ao diâmetro à altura do solo (DAS) e em nível de espécie quando utilizadas pela maracanã como recurso alimentar. Os ovos foram monitorados durante duas estações reprodutivas num intervalo de 15 a 60 dias, de uma a quatro vezes, cada ninho. Para avaliar se houve diferença significativa para cada variável da estrutura do habitat, fizemos o teste-t Weltch entre ninhos ativos e inativos. Para verificar quais variáveis da estrutura do habitat poderiam melhor explicar o sucesso da maracanã em Curaçá, utilizamos a regressão logística. Para encontrar qual o melhor modelo preditivo para o sucesso dos ninhos, utilizamos todas as combinações possíveis das variáveis da estrutura do ambiente (função dredge - pacote MuMIn). Dentre as variáveis da cavidade-ninho, observamos que ninhos ativos apresentam uma profundidade para baixo maior que ninhos inativos (t= 2.356, df= 25.75 e p= 0.02). A partir de um modelo global com 27 variáveis de estrutura do ambiente, construímos os três modelos preditivos que melhor explicassem o sucesso reprodutivo da maracanã. Observamos que, no geral, a densidade de algaroba (Prosopis juliflora), altura da árvore ninho e densidade de quixabeira (Sideroxylon obtusifolium) são as variáveis que mais explicam o sucesso dos ninhos (presente em todos os modelos) assim como a variável diâmetro maior da abertura do ninho (DMA) (presente em dois modelos). O melhor modelo preditivo (df= 6, AICc= 136.8, AIC= 0 e peso= 0.49) aponta que a algaroba e DMA estão negativamente correlacionadas com o sucesso dos ninhos (p 0.000 e p 0.000, respectivamente), enquanto que a altura da árvore, profundidade para trás (PRF trás) e a quixabeira estão positivamente relacionada ao sucesso (p 0.000, p = 0.01 e p 0.000). O sucesso reprodutivo das maracanãs pode estar associado a facilidade ou dificuldade da predação dos ovos, árvores mais altas e com menor DMA dificultam o acesso de predadores, a visibilidade do conteúdo do ninho e evitam a entrada de predadores de maior porte. As variáveis relacionadas a disponibilidade alimentar mostraram que a espécie exótica e invasora, algaroba, influência de forma negativa o sucesso reprodutivo enquanto que a quixabeira, espécie nativa com frutificação abundante no período de incubação dos ovos pode ser um fator importante no sucesso reprodutivo.
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    Relatório anual de rotas e áreas de concentração de aves migratórias no Brasil
    (2016) Oliveira, Ailton Carneiro de; Barbosa, Antônio Eduardo Araújo; Sousa, Antônio Emanuel Barreto Alves de; Lugarini, Camile; Lima, Diego Mendes; Nascimento, João Luiz Xavier do; Souza, Manuella Andrade de; Somenzari, Marina; Souza, Nathalia Alves de; Serafini, Patrícia Pereira; Amaral, Priscilla Prudente do; Rossato, Renata Membribes; Medeiros, Rita de Cassia Surrage de; ICMBio
    O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário mundial em termos de biodiversidade de aves, sendo inclusive rota de muitas espécies migratórias, que se deslocam, regular e sazonalmente, entre duas ou mais áreas distintas, sendo uma delas seu local de reprodução. Essa característica notável traduz-se em uma enorme responsabilidade frente ao compromisso de conservação dessas espécies que muitas vezes extrapolam limites geopolíticos. Ao longo de sua rota migratória, as aves utilizam diversas áreas para descanso e alimentação, que são de grande importância para manutenção do seu ciclo de vida e, consequentemente, de suas populações. Essas áreas vêm sendo drasticamente reduzidas e alteradas por atividades antrópicas como, por exemplo, a implantação de parques eólicos, que têm ganhado bastante espaço e incentivo por ser considerada fonte de energia limpa, renovável e de baixo impacto ao meio ambiente. No entanto, esses empreendimentos representam uma ameaça às aves, considerando que sua implantação gera efeitos secundários capazes de promover significativa redução populacional de certas espécies, inclusive as migratórias. Alguns dos efeitos negativos resultantes de parques eólicos são: a criação de barreiras à livre movimentação das populações, mortalidade devido a colisões e perda de habitat durante a instalação de turbinas e infraestrutura associada. É preciso levar em consideração ainda os efeitos cumulativos gerados pela implantação de diversos parques próximos. Por se tratar de uma atividade recente em território brasileiro e com poucos dados publicados no país, os impactos negativos decorrentes desses empreendimentos precisam ser melhor investigados e sua implantação deve seguir critérios mais rigorosos e minimamente uniformizados. Nessa perspectiva, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) publicou a resolução N° 462, de 24 de julho de 2014, estabelecendo os procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fonte eólica em superfície terrestre, no território brasileiro. Essa resolução prevê que o órgão licenciador deve exigir estudos e relatório de impacto ambiental e realizar audiências públicas quando o empreendimento estiver localizado em áreas de concentração ou rotas de aves migratórias, cabendo ao CEMAVE/ICMBio indicá-las em território nacional. A elaboração do presente documento demandou grande esforço visando resgatar e sistematizar o conhecimento disponível na literatura, no processo de avaliação do estado de conservação da avifauna brasileira, nos Planos de Ação Nacionais e nos registros de anilhamento do Sistema Nacional de Anilhamento (SNA.Net). Essa compilação de dados permitiu a definição, nos estados da Federação, de áreas importantes para a conservação de aves migratórias por meio dos locais de concentração de espécies, congregações de indivíduos e sítios de nidificação. Tais áreas foram confrontadas com a localização atual e a perspectiva de implantação de empreendimentos eólicos, tendo como base dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Observa se que, atualmente, a sobreposição entre empreendimentos (instalados e/ou previstos) e áreas relevantes para a conservação de aves migratórias é especialmente preocupante no Nordeste e no Sul do Brasil. O monitoramento adequado dos impactos negativos gerados pelos parques eólicos no Brasil (estudos padronizados com ao menos um ano de duração antes da instalação e por cerca de cinco anos após o início da operação) trará lições valiosas para futuros licenciamentos. Com o intuito de minimizar potenciais impactos negativos, são apresentadas recomendações de medidas preventivas já testadas em outros países, como: uso de luzes intermitentes e estruturas tubulares nas torres, instalação de radares acoplados a dispositivos que desliguem as turbinas em caso de aproximação de bandos de aves, recolhimento de carcaças próximas às turbinas para evitar a atração de outras aves, monitoramento diário da área em períodos críticos de migração, dentre outros. Esse trabalho adequa-se ao modelo de desenvolvimento responsável, sinalizando a necessidade de permitir o crescimento econômico e social sem negligenciar a conservação da biodiversidade.
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    A Conservação da Ararinha-azul, Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832): Desafios e conquistas
    (Biodiversidade Brasileira, 2021) Lugarini, Camile; Vercillo, Ugo Eichler; Purchase, Cromwell; Watson, Ryan
    A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é o único representante do seu gênero e hoje é considerada provavelmente extinta na natureza. O manejo ex situ é prioridade na estratégia de conservação desde o início da década de 90, sendo um exemplo de parceria público-privada de sucesso. Em 2017, finalmente, a população cativa alcançou a estabilidade com 152 indivíduos, possibilitando planejar as ações de reintrodução. Além disso, duas unidades de conservação foram criadas para propiciar a recuperação da espécie no ambiente natural, e, em 2020, 52 ararinhas-azuis foram repatriadas para um Centro de Reprodução e Reintrodução no interior do Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul. Aproximadamente 20 ararinhas-azuis estão em adaptação para o início da reintrodução e restabelecimento da população na área de distribuição histórica. Estamos perto de devolver a espécie para o seu ambiente natural, de onde nunca deveria ter sido extirpada.